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AGROSOFT 2002: O AGRONEGÓCIO NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

O AGRONEGÓCIO NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO Paulo Roberto de Castro Villela Universidade Federal de Juiz de Fora Agrosoft - Softex RESUMO Este artigo reproduz seletivamente as principais conclusões do Workshop O Agronegócio na Sociedade da Informação realizado em 26 de abril de 2002, em Brasília, organizado pelo Agrosoft e Sociedade da Informação, com apoio da Embrapa. O evento foi estruturado de modo a permitir que especialistas colocassem, num primeiro momento, seus pontos de vista sobre os impactos da tecnologia da informação (TI) no agronegócio, perante uma platéia constituída por cerca de 20 pessoas que contribuiram com opiniões e sugestões. Em seguida, os documentos originados do evento foram publicados na Internet em www.agrosoft.com.br/ag2002/workshop o que permitiu a qualquer interessado postar seus comentários a respeito das posições apresentadas. Os temas abordados e seus respectivos coordenadores foram os seguintes: Tema 1: Agricultura de Precisão Lúcio André de Castro Jorge - Embrapa Instrumentação Agropecuária André Torre-Netto- Embrapa Instrumentação Agropecuária Tema 2: Rastreabilidade Claudio Nápolis Costa - Embrapa Gado de Leite Kepler Euclides Filho - Embrapa Gado de Corte Tema 3: Educação a Distância André Luiz Zambalde - Universidade Federal de Lavras Tema 4:  Comércio Eletrônico Arlindo Jorge Júnior - CEASA / Campinas Tema 5: Gestão da Cadeia Agroindustrial Mário Otávio Batalha - Universidade Federal de São Carlos Moacir Scarpelli - Universidade Federal de São Carlos Tema 6: Gestão de Fazendas e Cooperativas

Gestão de Fazendas e Cooperativas I Luiz Carlos Takao Yamaguchi - Embrapa Gado de Leite Claudio Nápolis Costa - Embrapa Gado de Leite Limírio de Almeida Carvalho - Embrapa Gado de Leite

Gestão de Fazendas e Cooperativas II Roberto Max Protil - PUC Paraná

Tema 7: Agência de Informações Kleber Xavier Sampaio de Souza - Embrapa Informática Agropecuária Tema 8: Cooperação Internacional Carlos Arthur Barbosa da Silva - Universidade Federal de Viçosa 1. ABORDAGEM TEMÁTICA 1.1 - AGRICULTURA DE PRECISÃO
 Tradicionalmente, com o crescimento da mecanização da aplicação de adubos e defensivos, as práticas agrícolas modernas têm sido feitas com base nos valores médios dos parâmetros de cultivo. Assim é comum que as recomendações técnicas sejam especificadas, por exemplo, em quantidade de insumos por hectare, sem considerar as variações espaciais e temporais da cultura em análise. Em conseqüência, o normal na agricultura tradicional é que algumas áreas do terreno recebam uma quantidade de insumos maior do que o realmente necessário e outras uma quantidade menor. Idealmente, cada área deveria receber estritamente a quantidade adequada de insumos, nem mais e nem menos. A essência da agricultura de precisão é a contínua obtenção de informações espacialmente detalhadas da cultura seguida da utilização adequada dessas informações para otimizar o manejo. Ou seja, com a agricultura de precisão define-se como aplicar no local correto, no momento adequado, as quantidades de insumos necessários ? produção agrícola, para áreas cada vez menores e mais homogêneas. O uso racional dessas tecnologias, utilizadas como ferramentas de acompanhamento, controle e análise, permitem determinar qual, quando e onde o insumo deve ser aplicado e como fazê-lo. Portanto, a quantificação da variabilidade espacial permitindo identificar sítios específicos com diferentes potenciais de produtividade, pode determinar ou não, desde que econômica e tecnicamente viáveis, investimentos em insumos ou na correção de fatores limitantes ? produção, visando a maximização da produtividade e minimização dos impactos ambientais. Nos implementos agrícolas, os chamados Sistemas de Posicionamento Global (GPS – Global Positioning Systems) e toda sorte de eletrônica embarcada constituída de sensores, interfaces e computador, geram mapas de produtividade, do teor de matéria orgânica, da topologia, entre outros mapas de interesse. Algumas propriedades do solo, como indicadores de fertilidade e o tipo do solo, são obtidas através da análise de amostras retiradas manualmente de quadrículas. Outros parâmetros ainda podem ser obtidos por rede de sensores estáticos, sensoriamento remoto ou ainda fotos aéreas. A próxima etapa, a análise e interpretação dos mapas, é feita fora do campo. Programas de gerenciamento de base de dados georreferenciados (GIS), de geoestatística e de simulação e modelamento são usados como sistemas de suporte de decisão. O resultado de todo esse processamento são mapas de tratamento, os quais são transferidos para os implementos que atuam na etapa de controle das diversas operações de campo. Nesta etapa, novamente o GPS e a eletrônica embarcada são fundamentais para o acionamento de válvulas, bombas e aplicadores, com base nos mapas de tratamento. Espera-se com a agricultura de precisão, em princípio, resultados de ordem econômica, mas as vantagens em termos de impacto ambiental são conseqüências da sua adoção. A aplicação de agroquímicos, de acordo com necessidades específicas espacialmente determinadas, deve levar ao uso racional de tais insumos. Assim, espera-se, além da maior margem de lucro pela redução dos gastos com esses produtos, também o benefício ambiental em termos da redução de resíduos nas culturas e diminuição da contaminação do lençol freático por percolação. Desse ponto de vista, a Agricultura de Precisão é a grande proposta atual para resolver o equacionamento da máxima produtividade com mínimos danos ambientais. Não obstante com toda essa sustentação tecnológica, ainda há áreas necessitando de muito desenvolvimento para que a agricultura de precisão possa se consolidar como uma solução ampla e plenamente viável. Tais oportunidades podem ser classificadas como de cunho geral e de cunho específico. Entre as de cunho geral, destacam-se duas grandes frentes. Uma é o desenvolvimento de novos sensores e adaptação de sensores existentes que permitam a obtenção dos diversos mapas de parâmetros de forma cada vez mais eficiente e confiável. A outra é o desenvolvimento de programas e estratégias que possibilitem maior integração dos dados adquiridos, facilitando assim a interpretação e análise dos mapas e consequentemente tornando mais efetivo o manejo localizado. Entre as de cunho específico, também se evidenciam duas linhas de pesquisa. A primeira é o desenvolvimento de sistemas dirigidos para culturas perenes, como a citricultura e a cafeicultura, desde a etapa de obtenção de mapas de produtividade. A segunda, de grande importância ambiental, é a implementação de sistemas para a aplicação espacialmente diferenciada da água de irrigação e de produtos químicos. Apesar do notável suporte tecnológico que alavanca a agricultura de precisão, há inúmeras oportunidades em instrumentação e automação nessa área, bem como em sistemas inteligentes para tomada de decisão, através da mineração de dados e fusão de sensores. Tais oportunidades são ainda maiores se considerada a rastreabilidade da produção agrícola, que é uma necessidade e exigência relativamente recente do mercado pelo alimento seguro e ambientalmente correto e um desafio para o futuro próximo, mas, que tem em comum várias tecnologias com a agricultura de precisão.
  1.2 - RASTREABILIDADE
 Há um consenso universal de que o agronegócio recebeu grande impacto com as várias crises de alimentos observadas nos últimos anos. Os problemas causados pelos surtos de febre aftosa e pela encefalopatia espongiforme bovina (BSE) ou doença-da-vaca-louca, seguidos pela polêmica discussão e incertezas sobre os efeitos dos alimentos geneticamente modificados, além de contaminações microbiológicas, resíduos químicos, pesticidas, hormônios etc., têm introduzido algumas complicações nos aspectos de controle da segurança alimentar. Os consumidores estão cada vez mais exigentes quanto a aparência dos produtos, qualidade nutricional e fitossanitária, palatabilidade e resíduos de defensivos, entre outros parâmetros. Há necessidade de atender ao controle de qualidade e origem dos produtos alimentares disponibilizados para compra, implementando-se transparência nas condições de sua produção e comercialização. Há também consenso de que a garantia de segurança alimentar e a redução de obstáculos ao comércio devem ser encaminhadas por um processo de harmonização das regulamentações sobre alimentos, padrões de qualidade e orientações normativas. O registro da identificação de animais que entram na cadeia de alimentos humanos é obviamente importante e tem de ser encaminhada por todos os países internamente e também internacionalmente devido ao crescente movimento de produtos alimentares, animais e germoplasma. Esta demanda tem provocado o estabelecimento de normas e legislação adicional nas áreas de rastreabilidade e rotulagem dos alimentos. A rastreabilidade significa que cada segmento da cadeia alimentar pode seguir o rastro de um alimento e conhecer toda a sua história, antes e depois deste segmento: saber sua procedência, por onde passou, etc. A rastreabilidade significa, portanto, maior informação e responsabilidade, e exige a aplicação de um sistema eficaz de identificação do produto, desde a sua produção até a sua comercialização. A rastreabilidade é uma garantia de segurança alimentar, já que facilita localizar e imobilizar ou se retirar do mercado os animais ou produtos alimentares, no caso de se detectar um provável perigo, ações estas que exigem rapidez. O controle e a avaliação, e o tempo de resposta para qualquer problema sanitário de origem animal requerem o acesso imediato a registros completos e precisos sobre os animais. Qualquer programa de controle para ser bem-sucedido necessita de um sistema que se baseia na identificação do animal durante toda a sua vida. Esta identificação permite monitorar o animal em qualquer momento em seu ciclo produtivo, bem como rastrear as suas condições de produção e manejo, para eventual, senão necessária, investigação, caso se observe que era portador de alguma doença, quando de seu abate. Na concepção moderna de produção de alimentos é importante, senão indispensável, que se viabilize a possibilidade de seu rastreamento. A União Européia, por meio da Resolução CE 820/97, exige que todo o processo de produção da carne esteja inserido em um programa de identificação e registro que possibilite o levantamento de todas as informações sobre o animal, desde o seu nascimento até o consumo do produto final. Tal Resolução atinge tanto os produtores e indústrias da Europa quanto os países dos quais importa. Outros países como a Coréia e Japão também adotam essa exigência e, com o advento irreversível da globalização, verifica-se tendência mundial nesse sentido. A demanda por competitividade e a tendência de modernização dos sistemas de produção em busca da melhoria da eficiência é conseqüência direta da abertura de mercados e da economia e da informação globalizada reinante atualmente. Neste contexto, a informação assume importância vital para os diversos segmentos da cadeia produtiva da carne bovina, especialmente para o setor de produção primária, uma vez que este é o elo que se encontra menos preparado para as mudanças que têm sido impostas. Este setor, além de possuir pouca tradição no uso de informações, é carente no tocante ? coleta de dados e, principalmente, no tratamento dos dados coletados. Para suprir a necessidade de apropriação, tratamento, depuração e escolha das informações disponíveis, bem como do estabelecimento de novas demandas para alimentação do processo, há necessidade de um esforço efetivo no que diz respeito ? qualificação de pessoal. Estes treinamentos devem enfatizar tanto os aspectos operacionais quanto os gerenciais, passando pelos setores de coleta, depuração e tratamento de dados e utilização das informações disponíveis ou produzidas dentro do próprio sistema de produção. Com certeza pode-se concluir que a informação será cada vez mais necessária no setor de produção primária e deverá englobar não só os aspectos relacionados com conhecimentos e tecnologias, mas também as questões de mercado de perfil de consumidor e de demandas a serem atendidas. Por outro lado, um sistema nacional de registro sanitário de rebanhos leiteiros comparável com sistemas existentes na América do Norte ou Europa não existe no Brasil. Não há estatísticas que permitam caracterizar a incidência e prevalência de doenças infecciosas, importantes para o monitoramento e controle do estado sanitário do rebanho. Os programas de controle sanitário envolvem medidas preventivas, vacinações para determinadas doenças e exames de rotina nos animais, associadas a outras práticas de manejo da alimentação, reprodução, etc. O monitoramento da sanidade é realizado sobre os animais, e, por extensão, sobre os rebanhos e as populações. Os registros individuais dos animais são essenciais para se identificar e caracterizar eventuais problemas e a sua natureza. Neste sentido, avaliações rotineiras permitem o diagnóstico de doenças clínicas e subclínicas, e o seu registro viabiliza o monitoramento e análise dos problemas de saúde do rebanho. Recentemente, o governo brasileiro por meio de instrução normativa elaborada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento estabeleceu as normas do SISBOV - Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina, que tem como objetivo identificar, registrar e monitorar, individualmente, os bovinos e bubalinos nascidos no Brasil ou importados. O SISBOV constitui-se de uma série de ações, medidas e procedimentos para caracterizar a origem, o estado sanitário, a produção e a segurança dos produtos de origem bovina ou bubalina, procurando regulamentar o rastreamento no país. Esta iniciativa brasileira é resultado de uma demanda que se iniciou na União Européia e vem se expandindo entre os principais países e regiões de produção e importação. Neste contexto têm sido estabelecidos os códigos de comercialização internacional da carne bovina, observando-se os requerimentos sanitários como garantia ? sua segurança para o consumo. As orientações normativas do SISBOV caracterizam as regras para credenciamento de entidades certificadoras do sistema de rastreabilidade. Para seu atendimento a certificadora deverá estruturar um sistema ou banco de dados, para gerenciar um conjunto de informações, por rebanho, com identificação individual de cada animal e seu rebanho de origem, o mês de nascimento ou data de seu ingresso na propriedade, sexo, aptidão, sistema de criação e de alimentação, e informações referentes ao controle sanitário a que o animal foi submetido. Para cada animal a ser incluído no Sisbov, deverá ser emitido um Documento de Identificação do Animal (DIA), sendo necessário o registro de todas as movimentações do animal até o abate e/ou morte. A indústria frigorífica deverá se responsabilizar pelo abate e, em alguns casos, pelo preparo dos cortes, além de garantir a higiene em todo o processo e o envio do DIA ao Serviço de Inspeção Federal do MAPA. No caso de ocorrer morte natural, acidental ou mesmo sacrifício do animal, fica sob a responsabilidade do proprietário devolver o DIA ? certificadora ao qual ele está associado. Quanto ao setor de distribuição, este deve garantir a manutenção da qualidade do produto, sendo ainda importante que ajude na definição do perfil do consumidor, contribuindo para a distribuição e aplicação de questionários que após avaliados terão seus resultados discutidos e analisados com todos os segmentos da cadeia produtiva. Embora as orientações normativas do Sisbov tenham apresentado as regras para credenciamento de entidades certificadoras do sistema de rastreabilidade, não foram caracterizadas as especificações do instrumento de identificação dos animais (estrutura do próprio código de identificação animal, independentemente do dispositivo utilizado, por exemplo, brinco ou chip eletrônico) e, ainda, a forma de integração das informações oriundas das diversas certificadoras credenciadas, em um único banco de dados, de caráter nacional.
  1.3 - EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O Ensino a Distância é definido como uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação (texto impresso, radiodifusão, telefone/fax, fitas cassete e de vídeo, CDs, internet, videoconferência, internet2, etc.), utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação. As bases legais do Ensino a Distância no Brasil foram estabelecidas por um conjunto de Leis, Normas, Decretos e portarias. O princípio metodológico básico é o seguinte: O material escrito (apostilas) com as informações técnicas, exercícios práticos e instruções é encaminhado ao aluno pelo correio ou pela Internet, obedecendo cronograma pré-estabelecido para cada curso. Informações técnicas complementares podem ser solicitadas por correio, fax, telefone ou internet aos professores responsáveis pelo módulos/disciplinas. São realizados um ou dois encontros técnicos presenciais ao ano, com duração média de uma semana cada. Certificado de conclusão, com Título de Especialista, é conferido pelas instituições, ? queles que cumprirem as exigências legais, incluindo aprovação em monografia. O EAD no agronegócio encontra-se atualmente fundamentado em duas modalidades de cursos: extensão e pós-graduação lato sensu e em três modos ou suportes de informação: material impresso, fita de vídeo e mídia digital (CDs e Internet). As principais áreas e temas dos cursos oferecidos são: administração rural, gestão da informação no agronegócio, biotecnologia, gestão agroindustrial, agricultura de precisão, agrocomércio eletrônico, rastreabilidade de bovinos, informatização da empresa, engenharia e manejo de irrigação, gestão de recursos hídricos, proteção de plantas, fruticultura, agricultura tropical, caprinocultura, tecnologia de sementes, controle de incêndios, produtos veterinários, desenvolvimento sustentável, legislação agrícola, manejo de pastagens, nutrição de plantas, sensoramento remoto, plantio direto, toxicologia animal, bovinocultura leiteira, farmacologia, gestão e manejo ambiental, solos e meio ambiente, qualidade de alimentos de origem vegetal e animal, fertilidade do solo, manejo de doenças e pragas, máquinas agrícolas, pós-colheita, qualidade de carne, leite, ovos e pescado, fontes alternativas de energia e eletricidade na agropecuária. Deve-se buscar a capacitação dos profissionais do agronegócio na geração, aplicação e uso das tecnologias de informação e comunicação, principalmente aquelas relacionadas ao ensino e difusão da informação e do conhecimento a distancia. A inclusão de disciplinas como Informática básica e Informática Aplicada a Agronomia, Zootecnia, Engenharia Florestal, Medicina Veterinária, Administração Rural, entre outras, deve ser uma componente da reforma curricular que hora se inicia nas escolas e universidades em função de exigências da LDB. O oferecimento de um percentual de disciplinas tradicionais destes cursos na modalidade a distância pode despertar o interesse, a motivação e a conscientização dos alunos sobre as oportunidades do EAD e de ferramentas de difusão da informação e do conhecimento. No que diz respeito ? s Cooperativas, ? Agroindústria e ? s grandes Corporações do Agronegócio, tem-se que as mesmas necessitam investir em capacitação de pessoal e gestão do conhecimento. Neste sentido, deve-se encontrar uma maneira para que as mesmas possam implementar cursos de formação, aperfeiçoamento e especialização baseados em módulos impressos e Internet. O grande desafio para uso intensivo de tecnologias de informação e comunicação no ensino e difusão da informação e do conhecimento no setor do agronegócio é o de implantação de infra-estrutura adequada, em instituições de ensino e pesquisa e no campo. Esta infra-estrutura compõe-se de: telefonia rural e/ou transmissão satélite e conectividade em rede a baixo custo (linhas telefônicas e enlaces dedicados de internet, antenas parabólicas para recepção de sinais de TV e Internet, e computadores); salas de produção de conteúdos adequados ? difusão em massa (rádio, tv e vídeo), ? elaboração de material impresso (editoração e impressão) ou computacional (laboratórios multimídia e redes de computadores).
  1.4 - COMÉRCIO ELETRÔNICO
A CEASA Campinas foi fundada em 1972 e entrou em operação em 1975 e é hoje uma das instituições pioneiras no uso da TI em apoio ? s atividades de comercialização de seus produtos. A CEASA, como entreposto atacadista, é um ponto de concentração física da produção de hortigranjeiros e flores, oriunda de diversas regiões do país. A comercialização se dá pelo contato direto de vendedores e compradores (na sua maioria, varejistas de hortigranjeiros, além de atacadistas de outras praças, ou clientes institucionais, como restaurantes, hotéis, hospitais, etc. A negociação de cada produto normalmente tem como base a quantidade do mesmo que deu entrada no mercado no dia, quantidade esta que, em última instância, irá determinar os preços a serem praticados, em confronto com a demanda pelo produto naquele dia. Esse processo de e quot;formação do preço e quot; acontece com razoável eficiência, uma vez que a estrutura da CEASA e a localização dos diversos boxes e módulos estimula a concorrência e possibilita aos agentes envolvidos nas negociações uma noção precisa da disponibilidade ou não de cada produto no dia, permitindo que as decisões sejam tomadas com segurança. Se a estrutura física apresenta méritos indiscutíveis, a comercialização em si está marcada por uma série de ineficiências, que representam custos adicionais significativos no segmento atacadista da comercialização. Nesse sentido, um aspecto a ser ressaltado é o do conservadorismo que caracteriza os comerciantes instalados nos entrepostos, onde os níveis de rudimentarismo e de informalismo permanecem elevados, gerando perdas físicas e altos índices de inadimplência entre os agentes, entre outros problemas. A implantação do sistema eletrônico objetiva a modernização do sistema de distribuição de produtos hortigranjeiros e flores no país. Através dela espera-se incrementar as operações comerciais via mercados normatizados, atraindo para estes parcela da produção que hoje é negociada em mercados paralelos, ou diretamente por produtores que não se sentem satisfeitos com as condições vigentes nas CEASAs. Este aperfeiçoamento contribuirá, também, para aumentar a credibilidade das informações estatísticas, uma vez que possibilitará o acompanhamento direto dos preços praticados. A utilização do meio eletrônico tornará mais efetiva, do mesmo modo, a difusão maciça da informação. Com relação ? produção, prevê-se que o novo sistema será um grande fator de estímulo ? introdução de melhorias nos aspectos de padronização, classificação e de embalagens, que são fatores que hoje comprometem a competitividade de nossos produtos e que geram perdas e desperdícios de grande monta. Em parte, o estímulo se dará pela própria obrigatoriedade de operar com produtos e embalagens de qualidade. Outra meta almejada pelo novo sistema é a da eliminação da informalidade no mercado de hortigranjeiros, uma vez que haverá registro de todas as transações. Desse modo, estará sendo eliminada também a inadimplência que hoje desestabiliza o mercado, pois a conclusão das diversas transações será garantida pela intervenção do agente financeiro que atuará no sistema. É necessário complementar que um investimento na revitalização dos setores técnicos das CEASAs poderá impulsionar mais rapidamente este desenvolvimento. E é possível acrescentar ainda que, em última instância, esse processo poderá significar a recuperação do caráter de sistema que unia as Centrais, definindo, tanto quanto possível, um mercado nacional a ser trabalhado. Ignorando este caminho, as soluções a serem encontradas virão a prazo muito mais longo e custarão muito mais caro para o país. Por fim, vale registrar que o Brasil só terá algum destaque no comércio mundial de produtos in natura se houver uma opção clara do seu Governo nesta direção. Caso contrário, continuaremos como participantes marginais em um mercado que está em franca expansão, e continuaremos a desperdiçar nosso imenso potencial de produção de uma infinidade de frutas, hortaliças e flores, de grande aceitação internacional.
  1.5 - GESTÃO AGROINDUSTRIAL
Uma das formas de visualizar o sistema agroindustrial é considerá-lo como sendo composto, na sua estrutura principal, por três macrossegmentos distintos. O primeiro é o macrossegmento rural, o qual compreende as atividades agropecuárias. O segundo macrossegmento é o de produção industrial. Este macrossegmento pode ser dividido em empresas de primeira e segunda transformação. As empresas de primeira transformação são caracterizadas como sendo as responsáveis pelos primeiros processos de fragmentação da matéria prima agropecuária, tais como trituração e moagem no caso vegetal ou fracionamento no caso de animais. Normalmente, estas empresas têm nas matérias-primas agropecuárias seus principais insumos de produção a serem transformados. Por sua vez, os produtos desta fragmentação podem ser fornecidos diretamente ? comercialização ou ainda servirem como matérias primas para as indústrias de segunda transformação. São estas últimas que promovem a produção de produtos mais elaborados como tortas, pizzas, refrigerantes, doces, etc. O terceiro macrossegmento é o de comercialização, que incorpora as atividades atacadistas e varejistas. Para os propósitos deste trabalho não serão considerados o macrossegmento fornecedor de insumos aos empreendimentos rurais nem as atividades de transporte e estocagem intermediárias. Um sistema agroindustrial deve ser gerido de forma eficiente e eficaz. A eficácia de um sistema agroindustrial pode ser entendida como a capacidade que ele possui de atender as necessidades do consumidor. Para isso, é fundamental que todos os agentes que o compõe conheçam profundamente os atributos de qualidade que os consumidores buscam nos produtos e serviços disponibilizados por este mesmo sistema. A inadequação de grande parte das ferramentas modernas de gestão, desenvolvidas para setores outros que o agroindustrial, tem como origem as especificidades que particularizam os sistemas agroindustriais de produção. Algumas destas particularidades estão destacadas a seguir: É interessante ainda destacar o impacto que algumas tecnologias ditas transversais podem ter no gerenciamento dos sistemas agroindustriais. Entre estas tecnologias pode-se destacar a biotecnologia e a chamada tecnologia da informação. A tecnologia da informação (TI) pode afetar de forma substancial a gestão dos negócios agroindustriais. Além de facilitar a busca, acesso, armazenamento e disseminação de informações, a TI deverá cada vez mais servir como instrumento de comunicação e coordenação entre os agentes de um dado sistema agroindustrial. Neste último caso, tecnologias de troca informatizada de dados deverão assumir um aspecto vital nos anos vindouros. Sob este aspecto, a TI é um instrumento importante no aumento da eficiência e da eficácia das cadeias agroindustriais. Por outro lado, ela também pode auxiliar na exclusão de pequenos produtores que não tenham acesso a esta tecnologia. Além de facilitar a busca, acesso, armazenamento e disseminação de informações aos agentes do sistema agroindustrial, a TI deverá cada vez mais servir como instrumento de comunicação e coordenação entre estes mesmos agentes. O comércio eletrônico, que sob certas condições pode ser visto como um instrumento capaz de aumentar a coordenação de uma dada cadeia agroindustrial, somente pode ser viabilizado se o país possuir condições de oferecer aos seus intervenientes acesso a estrutura de TI. Em algumas cadeias agroindustriais, por exemplo, a incapacidade de acessar estes sistemas pode significar a exclusão dos pequenos produtores rurais de mercados mais dinâmicos. Além disso, é fundamental que a TI alie-se a aplicação de tecnologias de gestão modernas para fornecer aos agentes do sistema agroindustrial sistemas de apoio a decisão eficientes. As evidências empíricas dos possíveis ganhos que resultariam desta situação são evidentes. Também neste caso o comércio eletrônico pode ser visto como um exemplo. Cumpre destacar que estes sistemas de informações gerenciais de apoio ? tomada de decisão, conforme já foi destacado anteriormente, devem abordar variáveis que são externas ? s firmas e que situam-se no âmbito de um espaço meso-analítico representado pelo sistema agroindustrial no qual a firma está inserida. Ainda no campo das potencialidades da utilização da TI em conjunto com técnicas de gerenciamento modernas para o desenvolvimento e utilização de ferramentas de apoio ? tomada de decisão, deve ganhar importância nos próximos anos a aplicação de estudos de simulação. Estudos de simulação são ferramentas poderosas para verificar rapidamente o impacto, para o conjunto do sistema e para os agentes individualmente, de decisões estratégicas coletivas (conjunto de agentes intervenientes em um determinado sistema agroindustrial ) ou individuais (decisões estratégicas das firmas). Umas das tendências mais claras nos mercados de produtos agroindustriais, principalmente internacionais, é a busca pelo consumidor de produtos e quot;certificados e quot; (marcas coletivas ou selos de qualidade). Normalmente estes produtos apontam para uma qualidade superior e atendem, via parâmetros de rastreabilidade, uma preocupação crescente com a segurança dos alimentos. Também neste caso a TI desempenha um papel central.
  1.6 - FAZENDAS E COOPERATIVAS
O uso de microcomputadores em fazendas, Teixeira et al., analisando as características e a estrutura de produção de leite em 76 fazendas controladas pela Associação de Criadores de Gado Holandês do Estado de Minas Gerais nas Regiões Sul, Zona da Mata, Alto Paranaíba, Oeste, Campo das Vertentes e Metalúrgica, identificou a presença de computadores em 25% das fazendas. José G. Jardine, com base em estudo realizado pela Embrapa Informática Agropecuária, argumentou em uma reportagem publicada pela Leite Nestlé em abril de 2002, que cerca de 18% dos fazendeiros brasileiros possuem microcomputadores, dos quais 4% encontram-se conectados ? Internet. Por outro lado, estudo recente realizado pela Embrapa Gado de Leite, em parceria com as principais compradoras de leite do País, que incluíram aplicações de questionários nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul, responsáveis por cerca de 70% da produção nacional de leite, constatou-se que nas 162 fazendas visitadas, em torno de 5% possuíam microcomputadores, e que menos da metade utilizava essa ferramenta para o gerenciamento do rebanho. Vale ressaltar que essas fazendas foram selecionadas pelas cooperativas e indústrias de laticínios como unidades de referência na produção leiteira regional. As multinacionais do setor agrícola fabricantes de máquinas, sementes, defensivos, fertilizantes e outros artigos agrícolas encomendaram recentemente ao instituto alemão Kleffmann, especializado em estudos do mercado agrícola, um perfil do produtor brasileiro de soja. O levantamento mostra que dos 1.400 produtores de soja pesquisados, 32% têm microcomputador e quase 19% (261) conexão ? internet. Destes, 16% já compraram produtos pela rede e o principal uso da web é para a busca de informações climáticas, estatísticas, técnicas e sobre produtos agrícolas. Entre os produtores de soja conectados, apenas 5% são considerados pequenos, isto é, cultivam até 100 hectares de terra. As cooperativas e indústrias de laticínios também visitadas pelo projeto da Embrapa Gado de Leite, num total de 50, possuíam microcomputadores, cuja utilização resumia-se ? tradicional contabilidade, controle de contas a pagar e receber, elaboração de folha de pagamento de fornecedores e empregados, e controle de estoques. Nesse particular, diagnóstico realizado pela SEBRAE-MG em 1997 identificou que 73% dos laticínios com SIF (Sistema de Inspeção Federal) e 32% sem SIF, instalados no Estado de Minas Gerais, possuíam microcomputadores, cujas utilizações resumiam-se nas tarefas rotineiras acima descritas. São inúmeras as limitações para a implantação e desenvolvimento de sistemas de informação em fazendas e cooperativas agropecuários, entre as quais pode-se citar:   Conforme dados da OCB (2002 ) há no Brasil 1.587 cooperativas agropecuárias com 822.294 agricultores associados. As cooperativas geram 108.273 empregos diretos, sendo que há respectivamente 930.567 e 4.652.835 pessoas vinculadas diretamente e indiretamente a estas organizações, ou seja, aproximadamente 5.583.402 pessoas dependem economicamente das cooperativas agropecuárias brasileiras. Dentro deste contexto os professores Roberto Protil da PUC-PR, André Zambalde da UFLA-MG e Cláudi Albano da URCAMP-RS realizaram recentemente alguns pesquisas sobre o processo de implatação e gestão de TI nestas organizações, cujos resultados podem ser resumidos da seguinte forma: Os resultados das pesquisas realizadas nos estados de Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul permitem inferir que a informatização nas organizações cooperativas vem ocorrendo tanto no nível estrutural como no social e os usuários são unânimes em afirmar que a TI é um instrumento que proporciona aumento do controle das atividades e das pessoas, o que pode afastá-las uma das outras, por desconfiança e/ou competição. Verifica-se, também, que nestas organizações a TI está muito mais orientada na automatização do processo administrativo do que numa informatização propriamente dita. Conclui-se que o sucesso da implantação de sistemas de informação em cooperativas agropecuárias irá depender principalmente do sistema social da organização e da forma como seus agentes se apropriarão desta tecnologia, seja no sentido de um maior aprendizado ou da mera automatização de funções. A dualidade e a ambiguidade são elementos naturalmente presentes no processo cognitivo e de atribuição de sentido. É necessário portanto, compreender e mapear os sentidos atribuídos pelos usuários aos sistemas a fim de implantar-se os mesmos com sucesso, adequando-os ? s necessidades concretas dos atores sociais destas organizações.
  1.7 - AGÊNCIA DE INFORMAÇÕES
A velocidade ascendente com que ocorrem as transformações nas sociedades contemporâneas tem acentuado a importância do tratamento e disseminação do conhecimento através de produtos de informação. Conforme aponta Pierre Lévy em seu livro As Árvores de Conhecimentos, embora a terra e o capital continuem a existir, é sobre o espaço do saber que se desenvolvem as estratégias dos atores sociais. O Livro Verde da Sociedade da Informação também ressalta a importância do conhecimento na superação de desigualdades, agregação de valor, criação de emprego qualificado e propagação do bem-estar. Na agropecuária, as principais oportunidades se concentram na organização das cadeias produtivas e no fortalecimento das ações de pesquisa e transferência de tecnologia. A disseminação da informação por meio eletrônico, cujo volume cresce exponencialmente, deve-se ? conjunção de três fatores principais: a convergência da base tecnológica, pela adoção da forma digital na geração e manipulação de conteúdos; a evolução na informática, que propicia processamento mais rápido a custos cada vez menores; e a evolução dos meios de comunicação, que tem permitido a expansão da Internet. O sucesso da web como um espaço atrativo pode ser creditado principalmente ? implementação da idéia lançada pela primeira vez por Vanevar Bush em 1945, chamada de hipertexto. Trabalhando por associação de objetos ao invés de simplesmente classificá-los hierarquicamente, os hipertextos operam de forma próxima ao modo como pensamos. Evidentemente, os hipertextos de Bush não eram associados aos navegadores de hoje, nem ? Internet, dado que esses não existiam, e sim ao conjunto de textos de várias pessoas que eram conectados entre si, formando o que ele chamava de macrotexto. O termo hipertexto somente foi cunhado em 1967, por Ted Nelson. No entanto, ao se realizar uma busca em grandes portais de informação, observa-se que esses apresentam resultados de baixa revocação e baixa precisão . A melhoria da qualidade da informação recuperada não é uma tarefa simples, principalmente quando a relevância é associada ? correspondência entre o conceito que se procura, que é uma idéia, e as informações que estão armazenadas no sistema, que são símbolos. Não devemos esquecer que os computadores são máquinas de processamento simbólico e, assim sendo, os sistemas com os quais os usuários interagem operam no nível onde a relação entre o objeto representado e o signo usado para representá-lo é puramente arbitrária e convencional, fato apontado como corte semiótico. Na proposta da Agência de Informações, a solução para a redução desse problema é realizada de duas formas. A primeira delas é a catalogação em metadados das unidades de informação; e a segunda é a adoção de uma ontologia comum aos elos de pesquisa, produtores de informação e consumidores. Ontologia, conforme acepção utilizada por Holsapple e Joshi, é uma especificação explícita de uma visão abstrata de um mundo que se deseja representar. Desta forma, se constrói uma linguagem compartilhada para o intercâmbio e reuso de conhecimentos. A materialização deste conceito se dá com o estabelecimento de uma árvore de conhecimentos, unindo os conhecimentos de pesquisadores, técnicos extensionistas e agricultores. A árvore de conhecimentos é adotada em todos os momentos no sistema: na criação da estrutura de navegação, na navegação do usuário final e na geração do conteúdo de cada um dos nós pelos quais um usuário navega. Para facilitar a incorporação dessa ontologia, utilizou-se a representação em árvore hiperbólica. Objetivando abordar o domínio de conhecimento da cadeia produtiva de gado de corte, a Embrapa estruturou um projeto para a construção de sistema de informações via web chamado Agência de Produtos e Serviços. Essa cadeia de conhecimento foi escolhida pela sua complexidade inerente. O sistema construído para gado de corte seria, a princípio, mais facilmente repetível/adaptável para outros domínios, e foi concebido de forma a permitir o trabalho coletivo de cientistas e produtores de informação, tal como proposto por Lévy. Assim sendo, tanto quem realiza a pesquisa quanto quem a disponibiliza têm seus repertórios aproximados para que seja possível organizar a informação. A Agência de Produtos e Serviços será o resultado de uma composição de agências abordando domínios do conhecimento pesquisados. Os domínios de mapeamento cognitivo mais direto são os correspondentes aos produtos pesquisados: como feijão, arroz, trigo, milho, coco, gado de corte, gado de leite, uva e vinho etc. Isto ocorre porque já existe uma cadeia produtiva correspondente e esta pode ser utilizada para se estabelecer a árvore de conhecimentos. Quando a pesquisa envolve temas, como Cerrado, Tabuleiros Costeiros, Amazônia Oriental etc, necessita-se de um estudo mais aprofundado para a determinação da árvore.
  1.8 - COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
Sob o ponto de vista histórico, a promoção do desenvolvimento da agropecuária em nível internacional tem sido objeto de inúmeras iniciativas de cooperação. Instituições multilaterais, agências de governos nacionais, organizações não governamentais e fundações atuam com propósitos diversos, entre os quais destacam-se a pesquisa, a disseminação de tecnologia, o financiamento de sistemas de produção e a formação de recursos humanos, entre outros. Embora não isentas de críticas, as atividades de cooperação internacional na disseminação de tecnologia agropecuária, em particular, têm contribuído significativamente para a ampliação da oferta de alimentos e aumento de renda no meio rural. A agricultura irrigada, por exemplo, apresenta diversos casos que ilustram o potencial da transferência de tecnologia, via cooperação, na promoção do desenvolvimento. Outros exemplos podem ser buscados nas ações e programas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Nutrição (FAO) e nos relatórios anuais dos bancos de desenvolvimento internacional e das demais entidades acima tipificadas. Mais recentemente, os avanços na tecnologia da informação (TI) estão ensejando novas oportunidades de fomento ao desenvolvimento agropecuário. As novas tecnologias de informação e comunicação, ao permitirem a rápida disponibilização de conhecimento a baixo custo, podem contribuir substancialmente para a melhoria do desempenho da atividade agropecuária, tanto em seus aspectos produtivos, como ao longo dos demais estágios das cadeias produtivas. Algumas iniciativas com estas finalidades têm sido promovidas por entidades como o Banco Mundial (Programa InfoDev) e FAO (WAICENT, INPhO, etc.), além de dezenas de instituições públicas e privadas em todo o mundo. EUROPA: A principal experiência internacional no sentido de se desenvolver uma ação coordenada de fomento ao emprego da TI na agropecuária é a rede EUNITA (Rede Européia de Tecnologia da Informação na Agropecuária). Sua origem pode ser identificada na série de seis congressos internacionais de informática aplicada ? agropecuária promovidos por entidades representativas de agricultores da Alemanha (DLG) e do Reino Unido (RASE), entre 1986 e 1996. Talvez o principal desdobramento das atividades da EUNITA tenha sido a criação, em 1996, de uma instituição permanentemente dedicada ? promoção da TI na agropecuária européia e internacional, a Federação Européia de Tecnologia da Informação na Agropecuária (EFITA). A EFITA é integrada por sociedades técnico-científicas de TI na agropecuária. Estas, por sua vez, congregam um grupo multidisciplinar de profissionais, que têm a agroinformática como área de interesse ou atuação. Atualmente, os países que compõem o grupo de membros votantes da EFITA são a Alemanha, Holanda, Portugal, França, Espanha, Dinamarca, Irlanda, Inglaterra, Itália, Hungria, Polônia, Geórgia, Grécia e Suécia. Israel integra a federação como país associado. ÁSIA: A experiência asiática difere um pouco da européia, na medida em que o suporte institucional inicial não se identifica em uma única fonte de financiamento. Além disso, enquanto que a Federação Européia aceita apenas sociedades técnico-científicas de países membro como associados, a AFITA (Federação Asiática de Tecnologia de Informação na Agropecuária), aceita tanto as entidades nacionais como indivíduos, no caso de países que ainda não constituíram formalmente as suas sociedades. Hoje integram a AFITA as sociedades japonesa, coreana, chinesa e indonésia de IT na agropecuária, além de profissionais da Índia, Vietnam, Mongólia, Filipinas, Taiwan, Tailândia e Malásia. Mais recentemente, a AFITA está expandindo sua base de associados para a Oceania, sendo que a Austrália deverá formalizar em breve sua adesão ? Federação. EUA: Apesar de ser o país com as maiores taxas de adoção de TI em todo o mundo e de gerar as principais inovações nesta área, os Estados Unidos da América não têm, formalmente constituída, nenhuma associação de profissionais de agroinformática. As ações características destes grupos, como a promoção de eventos, têm sido lideradas pela Sociedade Americana de Engenharia Agrícola (ASAE), sob a coordenação do grupo de agroinformática do Instituto de Ciências Agroalimentares da Universidade da Flórida (IFAS). De fato, a ASAE já realizou, desde 1996, sete congressos internacionais de agroinformática, todos com uma presença predominante de profissionais dos EUA. BRASIL: A partir da década de 90, com o fim da reserva de mercado e o surgimento do Programa SOFTEX, criaram-se as condições para o efetivo impulsionamento das ações de fomento à agroinformática no país. O núcleo SOFTEX de Juiz de Fora, aliado a pesquisadores das Universidades Federais de Viçosa e Lavras e da EMBRAPA, realizou em 1995 o primeiro evento nacional de agroinformática, o Agrosoft 95 (I Congresso e Feira de Informática Aplicada à Agricultura). Posteriormente, os profissionais envolvidos nesta iniciativa fundaram, em 1996, a SBI-Agro - Sociedade Brasileira de Informática Aplicada à Agropecuária e Agroindústria (www.sbiagro.org.br). Inspirada em suas congêneres européias, a SBI-Agro edita uma revista técnico-científica (Revista Brasileira de Agroinformática), promove congressos nacionais e realiza workshops temáticos. Desde a sua fundação, a sociedade realizou três congressos nacionais, em 1997, 1999 e 2002. COOPERAÇÃO INTERNACIONAL: O congresso da SBI-Agro em 2002 foi realizado em conjunto com a ASAE, EFITA e AFITA e representou um importante passo na integração dos esforços destas entidades internacionais e na consolidação do papel da Sociedade brasileira como interlocutora, neste processo. O evento brasileiro realizou-se em Foz do Iguaçu, paralelamente ao e quot;1st World Congress of Computers in Agriculture and Natural Resources e quot;, tornando-se o marco inicial de uma nova estratégia de realização de encontros internacionais de agroinformática. Como principal resultado das discussões realizadas durante o evento conjunto, consolidou-se a tendência de convergência nas atividades da EFITA, AFITA, ASAE - Universidade da Florida e SBI-Agro. Concretamente, será em breve criada uma e quot;rede global de tecnologia da informação na agropecuária e quot;, que terá entre suas incumbências a criação de uma revista técnico científica internacional em formato eletrônico e a promoção conjunta dos futuros Congressos Mundiais em 2004 na Ásia, 2005 na Europa, 2006 nos Estados Unidos e em 2007 no Brasil.
  2. BIBLIOGRAFIA
Batalha, Mário O. e amp; Scarpelli, Moacir GESTÃO AGROINDUSTRIAL E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO: SUGESTÕES PARA UMA AGENDA DE PESQUISA Anais do Workshop “O Agronegócio na Sociedade da Informação”, Brasília, 2002. Euclides Filho, Kepler e amp; Costa, Claudio N. IDENTIFICAÇÃO ANIMAL E RASTREAMENTO DA PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE E DE LEITE Anais do Workshop “O Agronegócio na Sociedade da Informação”, Brasília, 2002. Jorge, Lúcio A. de Castro e amp; Torre-Neto, André AGRICULTURA DE PRECISÃO Anais do Workshop “O Agronegócio na Sociedade da Informação”, Brasília, 2002. Jorge Junior, Arlindo COMERCIALIZAÇÃO ELETRÔNICA DE HORTIGRANJEIROS E FLORES Anais do Workshop “O Agronegócio na Sociedade da Informação”, Brasília, 2002. Protil, Roberto M. GESTÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO EM COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS Anais do Workshop “O Agronegócio na Sociedade da Informação”, Brasília, 2002. Silva, Carlos Arthur B. COOPERAÇÃO INTERNACIONAL EM AGROINFORMÁTICA Workshop “O Agronegócio na Sociedade da Informação”, Brasília, 2002. Souza, Kleber X. S. AGÊNCIA DE PRODUTOS E SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO Anais do Workshop “O Agronegócio na Sociedade da Informação”, Brasília, 2002. Yamaguchi, Luiz C. T.; Carvalho, Limirio A. e amp; Costa, Claudio N. SITUAÇÃO ATUAL, POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES DO USO DA GESTÃO INFORMATIZADA EM FAZENDAS E COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS NO BRASIL Anais do Workshop “O Agronegócio na Sociedade da Informação”, Brasília, 2002. Zambalde, André L. O ENSINO A DISTÂNCIA E O AGRONEGÓCIO NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO: DIAGNÓSTICO E PERSPECTIVAS Anais do Workshop “O Agronegócio na Sociedade da Informação”, Brasília, 2002.  

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O AGRONEGÓCIO NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO Paulo Roberto de Castro Villela Universidade Federal de Juiz de Fora Agrosoft - Softex RESUMO Este artigo reproduz seletivamente as principais conclusões do Workshop O Agronegócio na Sociedade da Informação realizado em 26 de abril de 2002, em Brasília, organizado pelo Agrosoft e Sociedade da Informação, com apoio da Embrapa. O evento foi estruturado de modo a permitir que especialistas colocassem, num primeiro momento, seus pontos de vista sobre os impactos da tecnologia da informação (TI) no agronegócio, perante uma platéia constituída por cerca de 20 pessoas que contribuiram com opiniões e sugestões. Em seguida, os documentos originados do evento foram publicados na Internet em www.agrosoft.com.br/ag2002/workshop o que permitiu a qualquer interessado postar seus comentários a respeito das posições apresentadas. Os temas abordados e seus respectivos coordenadores foram os seguintes: Tema 1: Agricultura de Precisão Lúcio André de Castro Jorge - Embrapa Instrumentação Agropecuária André Torre-Netto- Embrapa Instrumentação Agropecuária Tema 2: Rastreabilidade Claudio Nápolis Costa - Embrapa Gado de Leite Kepler Euclides Filho - Embrapa Gado de Corte Tema 3: Educação a Distância André Luiz Zambalde - Universidade Federal de Lavras Tema 4:  Comércio Eletrônico Arlindo Jorge Júnior - CEASA / Campinas Tema 5: Gestão da Cadeia Agroindustrial Mário Otávio Batalha - Universidade Federal de São Carlos Moacir Scarpelli - Universidade Federal de São Carlos Tema 6: Gestão de Fazendas e Cooperativas

Gestão de Fazendas e Cooperativas I Luiz Carlos Takao Yamaguchi - Embrapa Gado de Leite Claudio Nápolis Costa - Embrapa Gado de Leite Limírio de Almeida Carvalho - Embrapa Gado de Leite

Gestão de Fazendas e Cooperativas II Roberto Max Protil - PUC Paraná

Tema 7: Agência de Informações Kleber Xavier Sampaio de Souza - Embrapa Informática Agropecuária Tema 8: Cooperação Internacional Carlos Arthur Barbosa da Silva - Universidade Federal de Viçosa 1. ABORDAGEM TEMÁTICA 1.1 - AGRICULTURA DE PRECISÃO
 Tradicionalmente, com o crescimento da mecanização da aplicação de adubos e defensivos, as práticas agrícolas modernas têm sido feitas com base nos valores médios dos parâmetros de cultivo. Assim é comum que as recomendações técnicas sejam especificadas, por exemplo, em quantidade de insumos por hectare, sem considerar as variações espaciais e temporais da cultura em análise. Em conseqüência, o normal na agricultura tradicional é que algumas áreas do terreno recebam uma quantidade de insumos maior do que o realmente necessário e outras uma quantidade menor. Idealmente, cada área deveria receber estritamente a quantidade adequada de insumos, nem mais e nem menos. A essência da agricultura de precisão é a contínua obtenção de informações espacialmente detalhadas da cultura seguida da utilização adequada dessas informações para otimizar o manejo. Ou seja, com a agricultura de precisão define-se como aplicar no local correto, no momento adequado, as quantidades de insumos necessários ? produção agrícola, para áreas cada vez menores e mais homogêneas. O uso racional dessas tecnologias, utilizadas como ferramentas de acompanhamento, controle e análise, permitem determinar qual, quando e onde o insumo deve ser aplicado e como fazê-lo. Portanto, a quantificação da variabilidade espacial permitindo identificar sítios específicos com diferentes potenciais de produtividade, pode determinar ou não, desde que econômica e tecnicamente viáveis, investimentos em insumos ou na correção de fatores limitantes ? produção, visando a maximização da produtividade e minimização dos impactos ambientais. Nos implementos agrícolas, os chamados Sistemas de Posicionamento Global (GPS – Global Positioning Systems) e toda sorte de eletrônica embarcada constituída de sensores, interfaces e computador, geram mapas de produtividade, do teor de matéria orgânica, da topologia, entre outros mapas de interesse. Algumas propriedades do solo, como indicadores de fertilidade e o tipo do solo, são obtidas através da análise de amostras retiradas manualmente de quadrículas. Outros parâmetros ainda podem ser obtidos por rede de sensores estáticos, sensoriamento remoto ou ainda fotos aéreas. A próxima etapa, a análise e interpretação dos mapas, é feita fora do campo. Programas de gerenciamento de base de dados georreferenciados (GIS), de geoestatística e de simulação e modelamento são usados como sistemas de suporte de decisão. O resultado de todo esse processamento são mapas de tratamento, os quais são transferidos para os implementos que atuam na etapa de controle das diversas operações de campo. Nesta etapa, novamente o GPS e a eletrônica embarcada são fundamentais para o acionamento de válvulas, bombas e aplicadores, com base nos mapas de tratamento. Espera-se com a agricultura de precisão, em princípio, resultados de ordem econômica, mas as vantagens em termos de impacto ambiental são conseqüências da sua adoção. A aplicação de agroquímicos, de acordo com necessidades específicas espacialmente determinadas, deve levar ao uso racional de tais insumos. Assim, espera-se, além da maior margem de lucro pela redução dos gastos com esses produtos, também o benefício ambiental em termos da redução de resíduos nas culturas e diminuição da contaminação do lençol freático por percolação. Desse ponto de vista, a Agricultura de Precisão é a grande proposta atual para resolver o equacionamento da máxima produtividade com mínimos danos ambientais. Não obstante com toda essa sustentação tecnológica, ainda há áreas necessitando de muito desenvolvimento para que a agricultura de precisão possa se consolidar como uma solução ampla e plenamente viável. Tais oportunidades podem ser classificadas como de cunho geral e de cunho específico. Entre as de cunho geral, destacam-se duas grandes frentes. Uma é o desenvolvimento de novos sensores e adaptação de sensores existentes que permitam a obtenção dos diversos mapas de parâmetros de forma cada vez mais eficiente e confiável. A outra é o desenvolvimento de programas e estratégias que possibilitem maior integração dos dados adquiridos, facilitando assim a interpretação e análise dos mapas e consequentemente tornando mais efetivo o manejo localizado. Entre as de cunho específico, também se evidenciam duas linhas de pesquisa. A primeira é o desenvolvimento de sistemas dirigidos para culturas perenes, como a citricultura e a cafeicultura, desde a etapa de obtenção de mapas de produtividade. A segunda, de grande importância ambiental, é a implementação de sistemas para a aplicação espacialmente diferenciada da água de irrigação e de produtos químicos. Apesar do notável suporte tecnológico que alavanca a agricultura de precisão, há inúmeras oportunidades em instrumentação e automação nessa área, bem como em sistemas inteligentes para tomada de decisão, através da mineração de dados e fusão de sensores. Tais oportunidades são ainda maiores se considerada a rastreabilidade da produção agrícola, que é uma necessidade e exigência relativamente recente do mercado pelo alimento seguro e ambientalmente correto e um desafio para o futuro próximo, mas, que tem em comum várias tecnologias com a agricultura de precisão.
  1.2 - RASTREABILIDADE
 Há um consenso universal de que o agronegócio recebeu grande impacto com as várias crises de alimentos observadas nos últimos anos. Os problemas causados pelos surtos de febre aftosa e pela encefalopatia espongiforme bovina (BSE) ou doença-da-vaca-louca, seguidos pela polêmica discussão e incertezas sobre os efeitos dos alimentos geneticamente modificados, além de contaminações microbiológicas, resíduos químicos, pesticidas, hormônios etc., têm introduzido algumas complicações nos aspectos de controle da segurança alimentar. Os consumidores estão cada vez mais exigentes quanto a aparência dos produtos, qualidade nutricional e fitossanitária, palatabilidade e resíduos de defensivos, entre outros parâmetros. Há necessidade de atender ao controle de qualidade e origem dos produtos alimentares disponibilizados para compra, implementando-se transparência nas condições de sua produção e comercialização. Há também consenso de que a garantia de segurança alimentar e a redução de obstáculos ao comércio devem ser encaminhadas por um processo de harmonização das regulamentações sobre alimentos, padrões de qualidade e orientações normativas. O registro da identificação de animais que entram na cadeia de alimentos humanos é obviamente importante e tem de ser encaminhada por todos os países internamente e também internacionalmente devido ao crescente movimento de produtos alimentares, animais e germoplasma. Esta demanda tem provocado o estabelecimento de normas e legislação adicional nas áreas de rastreabilidade e rotulagem dos alimentos. A rastreabilidade significa que cada segmento da cadeia alimentar pode seguir o rastro de um alimento e conhecer toda a sua história, antes e depois deste segmento: saber sua procedência, por onde passou, etc. A rastreabilidade significa, portanto, maior informação e responsabilidade, e exige a aplicação de um sistema eficaz de identificação do produto, desde a sua produção até a sua comercialização. A rastreabilidade é uma garantia de segurança alimentar, já que facilita localizar e imobilizar ou se retirar do mercado os animais ou produtos alimentares, no caso de se detectar um provável perigo, ações estas que exigem rapidez. O controle e a avaliação, e o tempo de resposta para qualquer problema sanitário de origem animal requerem o acesso imediato a registros completos e precisos sobre os animais. Qualquer programa de controle para ser bem-sucedido necessita de um sistema que se baseia na identificação do animal durante toda a sua vida. Esta identificação permite monitorar o animal em qualquer momento em seu ciclo produtivo, bem como rastrear as suas condições de produção e manejo, para eventual, senão necessária, investigação, caso se observe que era portador de alguma doença, quando de seu abate. Na concepção moderna de produção de alimentos é importante, senão indispensável, que se viabilize a possibilidade de seu rastreamento. A União Européia, por meio da Resolução CE 820/97, exige que todo o processo de produção da carne esteja inserido em um programa de identificação e registro que possibilite o levantamento de todas as informações sobre o animal, desde o seu nascimento até o consumo do produto final. Tal Resolução atinge tanto os produtores e indústrias da Europa quanto os países dos quais importa. Outros países como a Coréia e Japão também adotam essa exigência e, com o advento irreversível da globalização, verifica-se tendência mundial nesse sentido. A demanda por competitividade e a tendência de modernização dos sistemas de produção em busca da melhoria da eficiência é conseqüência direta da abertura de mercados e da economia e da informação globalizada reinante atualmente. Neste contexto, a informação assume importância vital para os diversos segmentos da cadeia produtiva da carne bovina, especialmente para o setor de produção primária, uma vez que este é o elo que se encontra menos preparado para as mudanças que têm sido impostas. Este setor, além de possuir pouca tradição no uso de informações, é carente no tocante ? coleta de dados e, principalmente, no tratamento dos dados coletados. Para suprir a necessidade de apropriação, tratamento, depuração e escolha das informações disponíveis, bem como do estabelecimento de novas demandas para alimentação do processo, há necessidade de um esforço efetivo no que diz respeito ? qualificação de pessoal. Estes treinamentos devem enfatizar tanto os aspectos operacionais quanto os gerenciais, passando pelos setores de coleta, depuração e tratamento de dados e utilização das informações disponíveis ou produzidas dentro do próprio sistema de produção. Com certeza pode-se concluir que a informação será cada vez mais necessária no setor de produção primária e deverá englobar não só os aspectos relacionados com conhecimentos e tecnologias, mas também as questões de mercado de perfil de consumidor e de demandas a serem atendidas. Por outro lado, um sistema nacional de registro sanitário de rebanhos leiteiros comparável com sistemas existentes na América do Norte ou Europa não existe no Brasil. Não há estatísticas que permitam caracterizar a incidência e prevalência de doenças infecciosas, importantes para o monitoramento e controle do estado sanitário do rebanho. Os programas de controle sanitário envolvem medidas preventivas, vacinações para determinadas doenças e exames de rotina nos animais, associadas a outras práticas de manejo da alimentação, reprodução, etc. O monitoramento da sanidade é realizado sobre os animais, e, por extensão, sobre os rebanhos e as populações. Os registros individuais dos animais são essenciais para se identificar e caracterizar eventuais problemas e a sua natureza. Neste sentido, avaliações rotineiras permitem o diagnóstico de doenças clínicas e subclínicas, e o seu registro viabiliza o monitoramento e análise dos problemas de saúde do rebanho. Recentemente, o governo brasileiro por meio de instrução normativa elaborada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento estabeleceu as normas do SISBOV - Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina, que tem como objetivo identificar, registrar e monitorar, individualmente, os bovinos e bubalinos nascidos no Brasil ou importados. O SISBOV constitui-se de uma série de ações, medidas e procedimentos para caracterizar a origem, o estado sanitário, a produção e a segurança dos produtos de origem bovina ou bubalina, procurando regulamentar o rastreamento no país. Esta iniciativa brasileira é resultado de uma demanda que se iniciou na União Européia e vem se expandindo entre os principais países e regiões de produção e importação. Neste contexto têm sido estabelecidos os códigos de comercialização internacional da carne bovina, observando-se os requerimentos sanitários como garantia ? sua segurança para o consumo. As orientações normativas do SISBOV caracterizam as regras para credenciamento de entidades certificadoras do sistema de rastreabilidade. Para seu atendimento a certificadora deverá estruturar um sistema ou banco de dados, para gerenciar um conjunto de informações, por rebanho, com identificação individual de cada animal e seu rebanho de origem, o mês de nascimento ou data de seu ingresso na propriedade, sexo, aptidão, sistema de criação e de alimentação, e informações referentes ao controle sanitário a que o animal foi submetido. Para cada animal a ser incluído no Sisbov, deverá ser emitido um Documento de Identificação do Animal (DIA), sendo necessário o registro de todas as movimentações do animal até o abate e/ou morte. A indústria frigorífica deverá se responsabilizar pelo abate e, em alguns casos, pelo preparo dos cortes, além de garantir a higiene em todo o processo e o envio do DIA ao Serviço de Inspeção Federal do MAPA. No caso de ocorrer morte natural, acidental ou mesmo sacrifício do animal, fica sob a responsabilidade do proprietário devolver o DIA ? certificadora ao qual ele está associado. Quanto ao setor de distribuição, este deve garantir a manutenção da qualidade do produto, sendo ainda importante que ajude na definição do perfil do consumidor, contribuindo para a distribuição e aplicação de questionários que após avaliados terão seus resultados discutidos e analisados com todos os segmentos da cadeia produtiva. Embora as orientações normativas do Sisbov tenham apresentado as regras para credenciamento de entidades certificadoras do sistema de rastreabilidade, não foram caracterizadas as especificações do instrumento de identificação dos animais (estrutura do próprio código de identificação animal, independentemente do dispositivo utilizado, por exemplo, brinco ou chip eletrônico) e, ainda, a forma de integração das informações oriundas das diversas certificadoras credenciadas, em um único banco de dados, de caráter nacional.
  1.3 - EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O Ensino a Distância é definido como uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação (texto impresso, radiodifusão, telefone/fax, fitas cassete e de vídeo, CDs, internet, videoconferência, internet2, etc.), utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação. As bases legais do Ensino a Distância no Brasil foram estabelecidas por um conjunto de Leis, Normas, Decretos e portarias. O princípio metodológico básico é o seguinte: O material escrito (apostilas) com as informações técnicas, exercícios práticos e instruções é encaminhado ao aluno pelo correio ou pela Internet, obedecendo cronograma pré-estabelecido para cada curso. Informações técnicas complementares podem ser solicitadas por correio, fax, telefone ou internet aos professores responsáveis pelo módulos/disciplinas. São realizados um ou dois encontros técnicos presenciais ao ano, com duração média de uma semana cada. Certificado de conclusão, com Título de Especialista, é conferido pelas instituições, ? queles que cumprirem as exigências legais, incluindo aprovação em monografia. O EAD no agronegócio encontra-se atualmente fundamentado em duas modalidades de cursos: extensão e pós-graduação lato sensu e em três modos ou suportes de informação: material impresso, fita de vídeo e mídia digital (CDs e Internet). As principais áreas e temas dos cursos oferecidos são: administração rural, gestão da informação no agronegócio, biotecnologia, gestão agroindustrial, agricultura de precisão, agrocomércio eletrônico, rastreabilidade de bovinos, informatização da empresa, engenharia e manejo de irrigação, gestão de recursos hídricos, proteção de plantas, fruticultura, agricultura tropical, caprinocultura, tecnologia de sementes, controle de incêndios, produtos veterinários, desenvolvimento sustentável, legislação agrícola, manejo de pastagens, nutrição de plantas, sensoramento remoto, plantio direto, toxicologia animal, bovinocultura leiteira, farmacologia, gestão e manejo ambiental, solos e meio ambiente, qualidade de alimentos de origem vegetal e animal, fertilidade do solo, manejo de doenças e pragas, máquinas agrícolas, pós-colheita, qualidade de carne, leite, ovos e pescado, fontes alternativas de energia e eletricidade na agropecuária. Deve-se buscar a capacitação dos profissionais do agronegócio na geração, aplicação e uso das tecnologias de informação e comunicação, principalmente aquelas relacionadas ao ensino e difusão da informação e do conhecimento a distancia. A inclusão de disciplinas como Informática básica e Informática Aplicada a Agronomia, Zootecnia, Engenharia Florestal, Medicina Veterinária, Administração Rural, entre outras, deve ser uma componente da reforma curricular que hora se inicia nas escolas e universidades em função de exigências da LDB. O oferecimento de um percentual de disciplinas tradicionais destes cursos na modalidade a distância pode despertar o interesse, a motivação e a conscientização dos alunos sobre as oportunidades do EAD e de ferramentas de difusão da informação e do conhecimento. No que diz respeito ? s Cooperativas, ? Agroindústria e ? s grandes Corporações do Agronegócio, tem-se que as mesmas necessitam investir em capacitação de pessoal e gestão do conhecimento. Neste sentido, deve-se encontrar uma maneira para que as mesmas possam implementar cursos de formação, aperfeiçoamento e especialização baseados em módulos impressos e Internet. O grande desafio para uso intensivo de tecnologias de informação e comunicação no ensino e difusão da informação e do conhecimento no setor do agronegócio é o de implantação de infra-estrutura adequada, em instituições de ensino e pesquisa e no campo. Esta infra-estrutura compõe-se de: telefonia rural e/ou transmissão satélite e conectividade em rede a baixo custo (linhas telefônicas e enlaces dedicados de internet, antenas parabólicas para recepção de sinais de TV e Internet, e computadores); salas de produção de conteúdos adequados ? difusão em massa (rádio, tv e vídeo), ? elaboração de material impresso (editoração e impressão) ou computacional (laboratórios multimídia e redes de computadores).
  1.4 - COMÉRCIO ELETRÔNICO
A CEASA Campinas foi fundada em 1972 e entrou em operação em 1975 e é hoje uma das instituições pioneiras no uso da TI em apoio ? s atividades de comercialização de seus produtos. A CEASA, como entreposto atacadista, é um ponto de concentração física da produção de hortigranjeiros e flores, oriunda de diversas regiões do país. A comercialização se dá pelo contato direto de vendedores e compradores (na sua maioria, varejistas de hortigranjeiros, além de atacadistas de outras praças, ou clientes institucionais, como restaurantes, hotéis, hospitais, etc. A negociação de cada produto normalmente tem como base a quantidade do mesmo que deu entrada no mercado no dia, quantidade esta que, em última instância, irá determinar os preços a serem praticados, em confronto com a demanda pelo produto naquele dia. Esse processo de e quot;formação do preço e quot; acontece com razoável eficiência, uma vez que a estrutura da CEASA e a localização dos diversos boxes e módulos estimula a concorrência e possibilita aos agentes envolvidos nas negociações uma noção precisa da disponibilidade ou não de cada produto no dia, permitindo que as decisões sejam tomadas com segurança. Se a estrutura física apresenta méritos indiscutíveis, a comercialização em si está marcada por uma série de ineficiências, que representam custos adicionais significativos no segmento atacadista da comercialização. Nesse sentido, um aspecto a ser ressaltado é o do conservadorismo que caracteriza os comerciantes instalados nos entrepostos, onde os níveis de rudimentarismo e de informalismo permanecem elevados, gerando perdas físicas e altos índices de inadimplência entre os agentes, entre outros problemas. A implantação do sistema eletrônico objetiva a modernização do sistema de distribuição de produtos hortigranjeiros e flores no país. Através dela espera-se incrementar as operações comerciais via mercados normatizados, atraindo para estes parcela da produção que hoje é negociada em mercados paralelos, ou diretamente por produtores que não se sentem satisfeitos com as condições vigentes nas CEASAs. Este aperfeiçoamento contribuirá, também, para aumentar a credibilidade das informações estatísticas, uma vez que possibilitará o acompanhamento direto dos preços praticados. A utilização do meio eletrônico tornará mais efetiva, do mesmo modo, a difusão maciça da informação. Com relação ? produção, prevê-se que o novo sistema será um grande fator de estímulo ? introdução de melhorias nos aspectos de padronização, classificação e de embalagens, que são fatores que hoje comprometem a competitividade de nossos produtos e que geram perdas e desperdícios de grande monta. Em parte, o estímulo se dará pela própria obrigatoriedade de operar com produtos e embalagens de qualidade. Outra meta almejada pelo novo sistema é a da eliminação da informalidade no mercado de hortigranjeiros, uma vez que haverá registro de todas as transações. Desse modo, estará sendo eliminada também a inadimplência que hoje desestabiliza o mercado, pois a conclusão das diversas transações será garantida pela intervenção do agente financeiro que atuará no sistema. É necessário complementar que um investimento na revitalização dos setores técnicos das CEASAs poderá impulsionar mais rapidamente este desenvolvimento. E é possível acrescentar ainda que, em última instância, esse processo poderá significar a recuperação do caráter de sistema que unia as Centrais, definindo, tanto quanto possível, um mercado nacional a ser trabalhado. Ignorando este caminho, as soluções a serem encontradas virão a prazo muito mais longo e custarão muito mais caro para o país. Por fim, vale registrar que o Brasil só terá algum destaque no comércio mundial de produtos in natura se houver uma opção clara do seu Governo nesta direção. Caso contrário, continuaremos como participantes marginais em um mercado que está em franca expansão, e continuaremos a desperdiçar nosso imenso potencial de produção de uma infinidade de frutas, hortaliças e flores, de grande aceitação internacional.
  1.5 - GESTÃO AGROINDUSTRIAL
Uma das formas de visualizar o sistema agroindustrial é considerá-lo como sendo composto, na sua estrutura principal, por três macrossegmentos distintos. O primeiro é o macrossegmento rural, o qual compreende as atividades agropecuárias. O segundo macrossegmento é o de produção industrial. Este macrossegmento pode ser dividido em empresas de primeira e segunda transformação. As empresas de primeira transformação são caracterizadas como sendo as responsáveis pelos primeiros processos de fragmentação da matéria prima agropecuária, tais como trituração e moagem no caso vegetal ou fracionamento no caso de animais. Normalmente, estas empresas têm nas matérias-primas agropecuárias seus principais insumos de produção a serem transformados. Por sua vez, os produtos desta fragmentação podem ser fornecidos diretamente ? comercialização ou ainda servirem como matérias primas para as indústrias de segunda transformação. São estas últimas que promovem a produção de produtos mais elaborados como tortas, pizzas, refrigerantes, doces, etc. O terceiro macrossegmento é o de comercialização, que incorpora as atividades atacadistas e varejistas. Para os propósitos deste trabalho não serão considerados o macrossegmento fornecedor de insumos aos empreendimentos rurais nem as atividades de transporte e estocagem intermediárias. Um sistema agroindustrial deve ser gerido de forma eficiente e eficaz. A eficácia de um sistema agroindustrial pode ser entendida como a capacidade que ele possui de atender as necessidades do consumidor. Para isso, é fundamental que todos os agentes que o compõe conheçam profundamente os atributos de qualidade que os consumidores buscam nos produtos e serviços disponibilizados por este mesmo sistema. A inadequação de grande parte das ferramentas modernas de gestão, desenvolvidas para setores outros que o agroindustrial, tem como origem as especificidades que particularizam os sistemas agroindustriais de produção. Algumas destas particularidades estão destacadas a seguir:
    • Sazonalidade de disponibilidade de matéria-prima.
    • Variações de qualidade de matéria-prima.
    • Perecibilidade da matéria-prima.
    • Sazonalidade de consumo.
    • Perecibilidade do produto final.
É interessante ainda destacar o impacto que algumas tecnologias ditas transversais podem ter no gerenciamento dos sistemas agroindustriais. Entre estas tecnologias pode-se destacar a biotecnologia e a chamada tecnologia da informação. A tecnologia da informação (TI) pode afetar de forma substancial a gestão dos negócios agroindustriais. Além de facilitar a busca, acesso, armazenamento e disseminação de informações, a TI deverá cada vez mais servir como instrumento de comunicação e coordenação entre os agentes de um dado sistema agroindustrial. Neste último caso, tecnologias de troca informatizada de dados deverão assumir um aspecto vital nos anos vindouros. Sob este aspecto, a TI é um instrumento importante no aumento da eficiência e da eficácia das cadeias agroindustriais. Por outro lado, ela também pode auxiliar na exclusão de pequenos produtores que não tenham acesso a esta tecnologia. Além de facilitar a busca, acesso, armazenamento e disseminação de informações aos agentes do sistema agroindustrial, a TI deverá cada vez mais servir como instrumento de comunicação e coordenação entre estes mesmos agentes. O comércio eletrônico, que sob certas condições pode ser visto como um instrumento capaz de aumentar a coordenação de uma dada cadeia agroindustrial, somente pode ser viabilizado se o país possuir condições de oferecer aos seus intervenientes acesso a estrutura de TI. Em algumas cadeias agroindustriais, por exemplo, a incapacidade de acessar estes sistemas pode significar a exclusão dos pequenos produtores rurais de mercados mais dinâmicos. Além disso, é fundamental que a TI alie-se a aplicação de tecnologias de gestão modernas para fornecer aos agentes do sistema agroindustrial sistemas de apoio a decisão eficientes. As evidências empíricas dos possíveis ganhos que resultariam desta situação são evidentes. Também neste caso o comércio eletrônico pode ser visto como um exemplo. Cumpre destacar que estes sistemas de informações gerenciais de apoio ? tomada de decisão, conforme já foi destacado anteriormente, devem abordar variáveis que são externas ? s firmas e que situam-se no âmbito de um espaço meso-analítico representado pelo sistema agroindustrial no qual a firma está inserida. Ainda no campo das potencialidades da utilização da TI em conjunto com técnicas de gerenciamento modernas para o desenvolvimento e utilização de ferramentas de apoio ? tomada de decisão, deve ganhar importância nos próximos anos a aplicação de estudos de simulação. Estudos de simulação são ferramentas poderosas para verificar rapidamente o impacto, para o conjunto do sistema e para os agentes individualmente, de decisões estratégicas coletivas (conjunto de agentes intervenientes em um determinado sistema agroindustrial ) ou individuais (decisões estratégicas das firmas). Umas das tendências mais claras nos mercados de produtos agroindustriais, principalmente internacionais, é a busca pelo consumidor de produtos e quot;certificados e quot; (marcas coletivas ou selos de qualidade). Normalmente estes produtos apontam para uma qualidade superior e atendem, via parâmetros de rastreabilidade, uma preocupação crescente com a segurança dos alimentos. Também neste caso a TI desempenha um papel central.
  1.6 - FAZENDAS E COOPERATIVAS
O uso de microcomputadores em fazendas, Teixeira et al., analisando as características e a estrutura de produção de leite em 76 fazendas controladas pela Associação de Criadores de Gado Holandês do Estado de Minas Gerais nas Regiões Sul, Zona da Mata, Alto Paranaíba, Oeste, Campo das Vertentes e Metalúrgica, identificou a presença de computadores em 25% das fazendas. José G. Jardine, com base em estudo realizado pela Embrapa Informática Agropecuária, argumentou em uma reportagem publicada pela Leite Nestlé em abril de 2002, que cerca de 18% dos fazendeiros brasileiros possuem microcomputadores, dos quais 4% encontram-se conectados ? Internet. Por outro lado, estudo recente realizado pela Embrapa Gado de Leite, em parceria com as principais compradoras de leite do País, que incluíram aplicações de questionários nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul, responsáveis por cerca de 70% da produção nacional de leite, constatou-se que nas 162 fazendas visitadas, em torno de 5% possuíam microcomputadores, e que menos da metade utilizava essa ferramenta para o gerenciamento do rebanho. Vale ressaltar que essas fazendas foram selecionadas pelas cooperativas e indústrias de laticínios como unidades de referência na produção leiteira regional. As multinacionais do setor agrícola fabricantes de máquinas, sementes, defensivos, fertilizantes e outros artigos agrícolas encomendaram recentemente ao instituto alemão Kleffmann, especializado em estudos do mercado agrícola, um perfil do produtor brasileiro de soja. O levantamento mostra que dos 1.400 produtores de soja pesquisados, 32% têm microcomputador e quase 19% (261) conexão ? internet. Destes, 16% já compraram produtos pela rede e o principal uso da web é para a busca de informações climáticas, estatísticas, técnicas e sobre produtos agrícolas. Entre os produtores de soja conectados, apenas 5% são considerados pequenos, isto é, cultivam até 100 hectares de terra. As cooperativas e indústrias de laticínios também visitadas pelo projeto da Embrapa Gado de Leite, num total de 50, possuíam microcomputadores, cuja utilização resumia-se ? tradicional contabilidade, controle de contas a pagar e receber, elaboração de folha de pagamento de fornecedores e empregados, e controle de estoques. Nesse particular, diagnóstico realizado pela SEBRAE-MG em 1997 identificou que 73% dos laticínios com SIF (Sistema de Inspeção Federal) e 32% sem SIF, instalados no Estado de Minas Gerais, possuíam microcomputadores, cujas utilizações resumiam-se nas tarefas rotineiras acima descritas. São inúmeras as limitações para a implantação e desenvolvimento de sistemas de informação em fazendas e cooperativas agropecuários, entre as quais pode-se citar:  
    • Idade média avançada dos produtores rurais (em torno de 50 anos no caso de produtores de leite).
    • Baixo nível de escolaridade (educação formal).
    • Migração dos filhos para outras atividades nas cidades.
    • Falta de recursos financeiros para aquisição de equipamentos, material de informática e treinamento de pessoal.
    • Precariedade ou ausência dos serviços de telefonia e energia elétrica.
    • Ausência de provedores de acesso ? Internet.
Conforme dados da OCB (2002 ) há no Brasil 1.587 cooperativas agropecuárias com 822.294 agricultores associados. As cooperativas geram 108.273 empregos diretos, sendo que há respectivamente 930.567 e 4.652.835 pessoas vinculadas diretamente e indiretamente a estas organizações, ou seja, aproximadamente 5.583.402 pessoas dependem economicamente das cooperativas agropecuárias brasileiras. Dentro deste contexto os professores Roberto Protil da PUC-PR, André Zambalde da UFLA-MG e Cláudi Albano da URCAMP-RS realizaram recentemente alguns pesquisas sobre o processo de implatação e gestão de TI nestas organizações, cujos resultados podem ser resumidos da seguinte forma:
  •  Seu uso ainda é voltado às aplicações tradicionais, ou seja, às operações internas das organizações, visando 'automatizar' processos e não as tendo como suporte às atividades fins das organizações.
  • Novas e importantes tecnologias, como a Internet, ainda são incipientes, especialmente se considerado seu uso voltado para as atividades fins.
  • Não existe preocupação com a qualificação de seus profissionais em nível de TI.
  • Os principais problemas enfrentados estão relacionados, diretamente, com o processo de aquisição de tecnologia e não a treinamento, produtividade e outros que demonstrem uma preocupação com a integração destas tecnologias ? estratégia e cultura organizacionais.
  • As ações mais utilizadas, assim como os problemas, estão relacionados aos processos de aquisição de tecnologias, seja de forma direta ou indireta.
  • A informática geralmente é utilizada como instrumento para conquista e/ou concentração de poder.
  • Não existe qualquer avaliação econômica dos investimentos ou do retorno dos investimentos em informática.
  • Os funcionários com maior grau de escolaridade e trabalhando em organizações que lhes dão uma certa estabilidade no emprego, sentem-se um pouco mais satisfeitos e motivados com o uso da tecnologia de informática.
  • Não há investimento em treinamento básico de informática (operação do computador, sistema operacional e pacotes aplicativos) por parte das organizações, os funcionários têm que investir 'por conta própria' ou 'aprender fazendo'.
  • Há pouca interação entre pessoas, equipamentos e software. Os sistemas, mesmo conectados em rede, utilizam software que não facilitam esta interação; as pessoas se sentem isoladas e distantes.
  • A tecnologia informática constitui instrumento que facilita e amplia o controle sobre funcionários, estoques e processos.
  • Os trabalhadores não são devidamente preparados para o processo de informatização e sentem-se acuados, com medo, reagindo ? mudança.
Os resultados das pesquisas realizadas nos estados de Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul permitem inferir que a informatização nas organizações cooperativas vem ocorrendo tanto no nível estrutural como no social e os usuários são unânimes em afirmar que a TI é um instrumento que proporciona aumento do controle das atividades e das pessoas, o que pode afastá-las uma das outras, por desconfiança e/ou competição. Verifica-se, também, que nestas organizações a TI está muito mais orientada na automatização do processo administrativo do que numa informatização propriamente dita. Conclui-se que o sucesso da implantação de sistemas de informação em cooperativas agropecuárias irá depender principalmente do sistema social da organização e da forma como seus agentes se apropriarão desta tecnologia, seja no sentido de um maior aprendizado ou da mera automatização de funções. A dualidade e a ambiguidade são elementos naturalmente presentes no processo cognitivo e de atribuição de sentido. É necessário portanto, compreender e mapear os sentidos atribuídos pelos usuários aos sistemas a fim de implantar-se os mesmos com sucesso, adequando-os ? s necessidades concretas dos atores sociais destas organizações.
  1.7 - AGÊNCIA DE INFORMAÇÕES
A velocidade ascendente com que ocorrem as transformações nas sociedades contemporâneas tem acentuado a importância do tratamento e disseminação do conhecimento através de produtos de informação. Conforme aponta Pierre Lévy em seu livro As Árvores de Conhecimentos, embora a terra e o capital continuem a existir, é sobre o espaço do saber que se desenvolvem as estratégias dos atores sociais. O Livro Verde da Sociedade da Informação também ressalta a importância do conhecimento na superação de desigualdades, agregação de valor, criação de emprego qualificado e propagação do bem-estar. Na agropecuária, as principais oportunidades se concentram na organização das cadeias produtivas e no fortalecimento das ações de pesquisa e transferência de tecnologia. A disseminação da informação por meio eletrônico, cujo volume cresce exponencialmente, deve-se ? conjunção de três fatores principais: a convergência da base tecnológica, pela adoção da forma digital na geração e manipulação de conteúdos; a evolução na informática, que propicia processamento mais rápido a custos cada vez menores; e a evolução dos meios de comunicação, que tem permitido a expansão da Internet. O sucesso da web como um espaço atrativo pode ser creditado principalmente ? implementação da idéia lançada pela primeira vez por Vanevar Bush em 1945, chamada de hipertexto. Trabalhando por associação de objetos ao invés de simplesmente classificá-los hierarquicamente, os hipertextos operam de forma próxima ao modo como pensamos. Evidentemente, os hipertextos de Bush não eram associados aos navegadores de hoje, nem ? Internet, dado que esses não existiam, e sim ao conjunto de textos de várias pessoas que eram conectados entre si, formando o que ele chamava de macrotexto. O termo hipertexto somente foi cunhado em 1967, por Ted Nelson. No entanto, ao se realizar uma busca em grandes portais de informação, observa-se que esses apresentam resultados de baixa revocação e baixa precisão . A melhoria da qualidade da informação recuperada não é uma tarefa simples, principalmente quando a relevância é associada ? correspondência entre o conceito que se procura, que é uma idéia, e as informações que estão armazenadas no sistema, que são símbolos. Não devemos esquecer que os computadores são máquinas de processamento simbólico e, assim sendo, os sistemas com os quais os usuários interagem operam no nível onde a relação entre o objeto representado e o signo usado para representá-lo é puramente arbitrária e convencional, fato apontado como corte semiótico. Na proposta da Agência de Informações, a solução para a redução desse problema é realizada de duas formas. A primeira delas é a catalogação em metadados das unidades de informação; e a segunda é a adoção de uma ontologia comum aos elos de pesquisa, produtores de informação e consumidores. Ontologia, conforme acepção utilizada por Holsapple e Joshi, é uma especificação explícita de uma visão abstrata de um mundo que se deseja representar. Desta forma, se constrói uma linguagem compartilhada para o intercâmbio e reuso de conhecimentos. A materialização deste conceito se dá com o estabelecimento de uma árvore de conhecimentos, unindo os conhecimentos de pesquisadores, técnicos extensionistas e agricultores. A árvore de conhecimentos é adotada em todos os momentos no sistema: na criação da estrutura de navegação, na navegação do usuário final e na geração do conteúdo de cada um dos nós pelos quais um usuário navega. Para facilitar a incorporação dessa ontologia, utilizou-se a representação em árvore hiperbólica. Objetivando abordar o domínio de conhecimento da cadeia produtiva de gado de corte, a Embrapa estruturou um projeto para a construção de sistema de informações via web chamado Agência de Produtos e Serviços. Essa cadeia de conhecimento foi escolhida pela sua complexidade inerente. O sistema construído para gado de corte seria, a princípio, mais facilmente repetível/adaptável para outros domínios, e foi concebido de forma a permitir o trabalho coletivo de cientistas e produtores de informação, tal como proposto por Lévy. Assim sendo, tanto quem realiza a pesquisa quanto quem a disponibiliza têm seus repertórios aproximados para que seja possível organizar a informação. A Agência de Produtos e Serviços será o resultado de uma composição de agências abordando domínios do conhecimento pesquisados. Os domínios de mapeamento cognitivo mais direto são os correspondentes aos produtos pesquisados: como feijão, arroz, trigo, milho, coco, gado de corte, gado de leite, uva e vinho etc. Isto ocorre porque já existe uma cadeia produtiva correspondente e esta pode ser utilizada para se estabelecer a árvore de conhecimentos. Quando a pesquisa envolve temas, como Cerrado, Tabuleiros Costeiros, Amazônia Oriental etc, necessita-se de um estudo mais aprofundado para a determinação da árvore.
  1.8 - COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
Sob o ponto de vista histórico, a promoção do desenvolvimento da agropecuária em nível internacional tem sido objeto de inúmeras iniciativas de cooperação. Instituições multilaterais, agências de governos nacionais, organizações não governamentais e fundações atuam com propósitos diversos, entre os quais destacam-se a pesquisa, a disseminação de tecnologia, o financiamento de sistemas de produção e a formação de recursos humanos, entre outros. Embora não isentas de críticas, as atividades de cooperação internacional na disseminação de tecnologia agropecuária, em particular, têm contribuído significativamente para a ampliação da oferta de alimentos e aumento de renda no meio rural. A agricultura irrigada, por exemplo, apresenta diversos casos que ilustram o potencial da transferência de tecnologia, via cooperação, na promoção do desenvolvimento. Outros exemplos podem ser buscados nas ações e programas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Nutrição (FAO) e nos relatórios anuais dos bancos de desenvolvimento internacional e das demais entidades acima tipificadas. Mais recentemente, os avanços na tecnologia da informação (TI) estão ensejando novas oportunidades de fomento ao desenvolvimento agropecuário. As novas tecnologias de informação e comunicação, ao permitirem a rápida disponibilização de conhecimento a baixo custo, podem contribuir substancialmente para a melhoria do desempenho da atividade agropecuária, tanto em seus aspectos produtivos, como ao longo dos demais estágios das cadeias produtivas. Algumas iniciativas com estas finalidades têm sido promovidas por entidades como o Banco Mundial (Programa InfoDev) e FAO (WAICENT, INPhO, etc.), além de dezenas de instituições públicas e privadas em todo o mundo. EUROPA: A principal experiência internacional no sentido de se desenvolver uma ação coordenada de fomento ao emprego da TI na agropecuária é a rede EUNITA (Rede Européia de Tecnologia da Informação na Agropecuária). Sua origem pode ser identificada na série de seis congressos internacionais de informática aplicada ? agropecuária promovidos por entidades representativas de agricultores da Alemanha (DLG) e do Reino Unido (RASE), entre 1986 e 1996. Talvez o principal desdobramento das atividades da EUNITA tenha sido a criação, em 1996, de uma instituição permanentemente dedicada ? promoção da TI na agropecuária européia e internacional, a Federação Européia de Tecnologia da Informação na Agropecuária (EFITA). A EFITA é integrada por sociedades técnico-científicas de TI na agropecuária. Estas, por sua vez, congregam um grupo multidisciplinar de profissionais, que têm a agroinformática como área de interesse ou atuação. Atualmente, os países que compõem o grupo de membros votantes da EFITA são a Alemanha, Holanda, Portugal, França, Espanha, Dinamarca, Irlanda, Inglaterra, Itália, Hungria, Polônia, Geórgia, Grécia e Suécia. Israel integra a federação como país associado. ÁSIA: A experiência asiática difere um pouco da européia, na medida em que o suporte institucional inicial não se identifica em uma única fonte de financiamento. Além disso, enquanto que a Federação Européia aceita apenas sociedades técnico-científicas de países membro como associados, a AFITA (Federação Asiática de Tecnologia de Informação na Agropecuária), aceita tanto as entidades nacionais como indivíduos, no caso de países que ainda não constituíram formalmente as suas sociedades. Hoje integram a AFITA as sociedades japonesa, coreana, chinesa e indonésia de IT na agropecuária, além de profissionais da Índia, Vietnam, Mongólia, Filipinas, Taiwan, Tailândia e Malásia. Mais recentemente, a AFITA está expandindo sua base de associados para a Oceania, sendo que a Austrália deverá formalizar em breve sua adesão ? Federação. EUA: Apesar de ser o país com as maiores taxas de adoção de TI em todo o mundo e de gerar as principais inovações nesta área, os Estados Unidos da América não têm, formalmente constituída, nenhuma associação de profissionais de agroinformática. As ações características destes grupos, como a promoção de eventos, têm sido lideradas pela Sociedade Americana de Engenharia Agrícola (ASAE), sob a coordenação do grupo de agroinformática do Instituto de Ciências Agroalimentares da Universidade da Flórida (IFAS). De fato, a ASAE já realizou, desde 1996, sete congressos internacionais de agroinformática, todos com uma presença predominante de profissionais dos EUA. BRASIL: A partir da década de 90, com o fim da reserva de mercado e o surgimento do Programa SOFTEX, criaram-se as condições para o efetivo impulsionamento das ações de fomento à agroinformática no país. O núcleo SOFTEX de Juiz de Fora, aliado a pesquisadores das Universidades Federais de Viçosa e Lavras e da EMBRAPA, realizou em 1995 o primeiro evento nacional de agroinformática, o Agrosoft 95 (I Congresso e Feira de Informática Aplicada à Agricultura). Posteriormente, os profissionais envolvidos nesta iniciativa fundaram, em 1996, a SBI-Agro - Sociedade Brasileira de Informática Aplicada à Agropecuária e Agroindústria (www.sbiagro.org.br). Inspirada em suas congêneres européias, a SBI-Agro edita uma revista técnico-científica (Revista Brasileira de Agroinformática), promove congressos nacionais e realiza workshops temáticos. Desde a sua fundação, a sociedade realizou três congressos nacionais, em 1997, 1999 e 2002. COOPERAÇÃO INTERNACIONAL: O congresso da SBI-Agro em 2002 foi realizado em conjunto com a ASAE, EFITA e AFITA e representou um importante passo na integração dos esforços destas entidades internacionais e na consolidação do papel da Sociedade brasileira como interlocutora, neste processo. O evento brasileiro realizou-se em Foz do Iguaçu, paralelamente ao e quot;1st World Congress of Computers in Agriculture and Natural Resources e quot;, tornando-se o marco inicial de uma nova estratégia de realização de encontros internacionais de agroinformática. Como principal resultado das discussões realizadas durante o evento conjunto, consolidou-se a tendência de convergência nas atividades da EFITA, AFITA, ASAE - Universidade da Florida e SBI-Agro. Concretamente, será em breve criada uma e quot;rede global de tecnologia da informação na agropecuária e quot;, que terá entre suas incumbências a criação de uma revista técnico científica internacional em formato eletrônico e a promoção conjunta dos futuros Congressos Mundiais em 2004 na Ásia, 2005 na Europa, 2006 nos Estados Unidos e em 2007 no Brasil.
  2. BIBLIOGRAFIA
Batalha, Mário O. e amp; Scarpelli, Moacir GESTÃO AGROINDUSTRIAL E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO: SUGESTÕES PARA UMA AGENDA DE PESQUISA Anais do Workshop “O Agronegócio na Sociedade da Informação”, Brasília, 2002. Euclides Filho, Kepler e amp; Costa, Claudio N. IDENTIFICAÇÃO ANIMAL E RASTREAMENTO DA PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE E DE LEITE Anais do Workshop “O Agronegócio na Sociedade da Informação”, Brasília, 2002. Jorge, Lúcio A. de Castro e amp; Torre-Neto, André AGRICULTURA DE PRECISÃO Anais do Workshop “O Agronegócio na Sociedade da Informação”, Brasília, 2002. Jorge Junior, Arlindo COMERCIALIZAÇÃO ELETRÔNICA DE HORTIGRANJEIROS E FLORES Anais do Workshop “O Agronegócio na Sociedade da Informação”, Brasília, 2002. Protil, Roberto M. GESTÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO EM COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS Anais do Workshop “O Agronegócio na Sociedade da Informação”, Brasília, 2002. Silva, Carlos Arthur B. COOPERAÇÃO INTERNACIONAL EM AGROINFORMÁTICA Workshop “O Agronegócio na Sociedade da Informação”, Brasília, 2002. Souza, Kleber X. S. AGÊNCIA DE PRODUTOS E SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO Anais do Workshop “O Agronegócio na Sociedade da Informação”, Brasília, 2002. Yamaguchi, Luiz C. T.; Carvalho, Limirio A. e amp; Costa, Claudio N. SITUAÇÃO ATUAL, POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES DO USO DA GESTÃO INFORMATIZADA EM FAZENDAS E COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS NO BRASIL Anais do Workshop “O Agronegócio na Sociedade da Informação”, Brasília, 2002. Zambalde, André L. O ENSINO A DISTÂNCIA E O AGRONEGÓCIO NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO: DIAGNÓSTICO E PERSPECTIVAS Anais do Workshop “O Agronegócio na Sociedade da Informação”, Brasília, 2002.  

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